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Mostrando postagens de agosto, 2008

lorca

O POETA PEDE AO SEU AMOR QUE LHE ESCREVA Amor de minhas entranhas, morte viva, em vão espero tua palavra escrita e penso, com a flor que se murcha, que se vivo sem mim quero perder-te. O ar é imortal. A pedra inerte nem conhece a sombra nem a evita. Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte. Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, tigre e pomba, sobre tua cintura em duelo de kordiscos e açucenas. Enche, pois, de palavras minha loucura ou deixa-me viver em minha serena noite da alma para sempre escura .

presente, e, precioso

Hoje o amor me presenteou. Me presenteou com a sua verdade, com o afago quente e suave das mãos que traçam as mesmas linhas que estão desenhadas nas minhas. Sem que possamos decifrá-las, sabemos que nossos caminhos ja têm traçados nossos encontros. Amor-meu, a felicidade faz morada em meu ser sempre que meus olhos encontram os seus, que meus lábios tornam-se únicos e aliados dos teus. Dedilho as teclas a fim de desvendar palavras que traduzam, o "meu ser amor" que se encontra no teu amor, mergulhado em gratidão, carinho, vontade e afeto sempre prontos para te receber. Amado-meu, resta-me, apenas, ter-te, compartilhar, dar-te carinho, abrir os braços para receber-nos em abraços e traduzi o que o seu coração-olhar tem a me dizer... Amo a simplicidade da tradução do seu ser em lindas poesias, nas circunferências das letras traçadas pela espontâneidade foram dividas comigo. Amei ouvir-te declamar, mesmo que em esboço, o presente-poema que é o nosso amor. Sempre que o nosso amor é

o livro sobre o nada [ manoel de barros]

Com pedaços de mim eu monto um ser atônito. Tudo que não invento é falso. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou. É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia. Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário. A inércia é o meu ato principal. Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas. O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito. A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos. Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos. Por pudor sou impuro. Não preciso do fim para chegar. De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península. Do lugar onde estou já fui embora.

O Catador

Um homem catava pregos no chão. Sempre os encontrava deitados de comprido, ou de lado, ou de joelhos no chão. Nunca de ponta. Assim eles não furam mais - o homem pensava. Eles não exercem mais a função de pregar. São patrimônios inúteis da humanidade. Ganharam o privilégio do abandono. O homem passava o dia inteiro nessa função de catar pregos enferrujados. Acho que essa tarefa lhe dava algum estado. Estado de pessoas que se enfeitam a trapos. Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser. Garante a soberania de Ser mais do que Ter. [manoel de barros]

Tudo por acaso... até quando?

[Tudo por acaso - Lenine] Eu sei, Tudo por acaso Tudo por atraso Mera distração (diversão) Eu sei Por impaciência Por obediência Pura intuição Qualquer dia, qualquer hora Tempo e dimensão O futuro foi agora, tudo é invenção Ninguém vai saber de nada E eu sei Pelo sentimento, Pelo envolvimento, Pelo coração Eu sei Pela madrugada Pela emboscada Pela contramão Por qualquer poesia Por qualquer magia Por qualquer razão

meu tempo é hoje

Eu sou assim Quem quiser gostar de mim Eu sou assim Eu sou assim Quem quiser gostar de mim Eu sou assim Meu mundo é hoje Não existe amanhã pra mim Eu sou assim Assim morrerei um dia Não levarei arrependimentos Nem o peso da hipocrisia Tenho pena daqueles Que se agacham até o chão Enganando a si mesmo Por dinheiro ou posição Nunca tomei parte Desse enorme batalhão Pois sei que além de flores Nada mais vai no caixão [paulinho da viola]

Sant'ana

A santa de Santana chorou sangue Chorou sangue, Chorou sangue, era tinta vermelha A nossa santa padroeira chorou sangue Chorou sangue Chorou sangue, era Deus e beleza, Despego meu; Quem girou a moenda partiu, Na pressa o rosário quebrou, Chorou, ah, chorou, Louveira santa, desata o apuro Leve etanto, sempre sido só Tange solto, quebrado, quebrado Claro Carmo, nossa sede, obá. Medeira oca estende o apulso Capela sertana, sementeiro Lajedo molhado, pisado, pisado Claro Carmo, nossa sede, obá, ô Nossa sede, obá, ô Nossa sede, obá [lenine]

isso

Isso [Chico César] Isso que não ouso dizer o nome Isso que dói quando você some Isso que brilha quando você chega Isso que não sossega, que me desprega de mim Uu......iê Isso tem de ser assim... Isso que carrego pelas ruas Isso que me faz contar as luas Isso que ofusca o sol Isso que é você e sou sem fim Uuu.....iê

à antiga

despeço-me de ti, minha antiga poetizo a minha gratidão pelos caminhos percorridos deixo-a ir, desapego-me para que você possa retornar ao seu lugar clamo para que a grande mãe te receba te acolha e transmuta...tempo, ja em tempo de te deixar ir agradeço pelo aprendizado, pelos medos, receios, ansiedade tudo para que me encontrasse em minha felicidade. nessa dificil tarefa de ser nova, renascida deixo-te ir para sua verdadeira casa que não mais é a minha, meu templo ja não nos cabemos mais uma na outra ja sei aonde terminamos eu nova, não mais com a minha antiga limpo a poeira que você deixou, me despeço dessa insegurança que transforma meu sol em neblina não chovo mais em mim antiga, dou adeus a ti que se fantasiasse e me deu a face de amiga guardo em minha lembrança, agradeço-lhe a paciência pelos ensinamentos, por permitir que escolhesse e por pedir para ir... me fazer agir diante de mim deixo-a ir, transformo-te em linhas letras coloridas que registram a vida ah! antiga, não mais m

quantos

quantas de mim há me você? nós, nossos, muito além da carne, dos ossos... um para o outro na chama da força, que é incondicional revelados nas multicoloridas idas e vindas dos caminhos a serem percorridos simplesmente estamos um no outro... descobrimos as tantas outras formas de sermos entre braços, abraços, olhos marejados a suavidade da palavra que dita em silêncio transcende os tantos significados dos nossos eus... guardamos um para o outro o segredo e o solo daquele que estar por vir... nos todos seus que me fazem morada agradeço a presente vida permitindo-me ser amada

re-torno

Imagem
Recebo-lhe minha guardiã, símbolo da grande mãe que transcende e transmuta além dos tempos, descoberta nos desertos presente nos arquétipos que atravessam as gerações. Recebo-lhe com a minha verdade, habito o templo de luz. Eu sou o que sou, ó grande mãe que ensinastes me guia no caminho da verdade no amor guardo a chave. Flores vaga-lumes me guiam no caminho que me leva de volta para casa... Sigo colorindo os caminhos que os ventos batem faço-me borboleta para voar...

ser ar

será, seremos um para o outro... assim um amor fora do tempo... num beijo atemporal... no olhar que toca o meu e suscita poesia... a voz que soa com suave melodia... será que seremos um para o outro... será que aniversariei te amando-me mais? será que ser os mesmos que transmutam os tantos seres que fomos e seremos...