o livro sobre o nada [ manoel de barros]


Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
Tudo que não invento é
falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é
verdadeira.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique
desamparada do ser que a revelou.
É mais fácil fazer da tolice um regalo do
que da sensatez.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se
não desejo contar nada, faço poesia.
Melhor jeito que achei para me conhecer
foi fazendo o contrário.
A inércia é o meu ato principal.
Há histórias tão
verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
O artista é um erro da
natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
A terapia literária consiste
em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos
desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Por pudor sou
impuro.
Não preciso do fim para chegar.
De tudo haveria de ficar para nós
um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa
península.
Do lugar onde estou já fui embora.

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