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Mostrando postagens de outubro, 2015

carta a Elaeu, o tempo

Há tempos não me escrevo Antes que as palavras atravessem meu corpo e marquem os meus tecidos, me rendo, me escrevo Sem ordem, sem gênero que possam ditar os meus contornos, escrevo em desabafo Antes que eu desabe, nos barrancos de uma terra-corpo soterrada de pensamentos atravessados Sem nada. Do nada. Por nada. Sinto meus olhos marejarem É o tempo. Um misto de sentimentos Penso sobre o tempo, sobre as marcas que ele vem traçando na pele, no corpo, na voz Hoje amanheci rouca. A garganta, essa gruta que deságua o meu som, amanheceu em dor Algo a ser dito. A quem? O corpo busca um conforto, estar com'outro. Corpo, rijo, tenso... e belo Me desnudo diante dessas tensões, nesses meus excessos de atenção Nem sempre me contemplo... os olhos meus me veem Este meu corpo-casa se reorganiza... um novo espaço: necessário horizonte O coração aperta. Deixo verter...palavras, suspiros... lembranças... cansaços...medos... Pela fresta que me abro Me relembro no tempo