carta a Elaeu, o tempo

Há tempos não me escrevo
Antes que as palavras atravessem meu corpo e marquem os meus tecidos, me rendo, me escrevo
Sem ordem, sem gênero que possam ditar os meus contornos, escrevo em desabafo
Antes que eu desabe, nos barrancos de uma terra-corpo soterrada de pensamentos atravessados
Sem nada. Do nada. Por nada. Sinto meus olhos marejarem
É o tempo. Um misto de sentimentos
Penso sobre o tempo, sobre as marcas que ele vem traçando na pele, no corpo, na voz
Hoje amanheci rouca. A garganta, essa gruta que deságua o meu som, amanheceu em dor
Algo a ser dito. A quem?
O corpo busca um conforto, estar com'outro.
Corpo, rijo, tenso... e belo
Me desnudo diante dessas tensões, nesses meus excessos de atenção
Nem sempre me contemplo... os olhos meus me veem
Este meu corpo-casa se reorganiza... um novo espaço: necessário horizonte
O coração aperta.
Deixo verter...palavras, suspiros... lembranças... cansaços...medos...
Pela fresta que me abro
Me relembro no tempo


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