lorca

O POETA PEDE AO SEU AMOR QUE LHE
ESCREVA

Amor de minhas entranhas,
morte viva, em vão espero tua
palavra escrita e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal.
A pedra inerte nem conhece
a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri.
Rasguei-me as veias, tigre e pomba,

sobre tua cintura em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura ou deixa-me viver
em minha serena noite da alma para sempre escura

.

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