Nasce, morre-nasce, segue. Para aonde caminham os passos humanos, que aturdidos pela pressa da cidade buscam o sentido, muitas vezes monótono, da conquista? Eis que ela no piche contrasta e faz dos caminhos tabuleiros. Como num jogo, uns aguardam pelo sinal para fazer a travessia. Instalada como ponte no meio da cidade, cumpre sua função: estabelecer a ordem. O que seria do homem sem a faixa de pedestre? Pisoteada a cada envio de sinal, retas e branquelas colorem-se na efemeridade do ir e vir. Sapatos alheios à sua existência atravessam seus caminhos para cumprir com a rotina. Carros, ônibus, caminhões, motos, bicicletas passam-lhe por cima, a ignoram. Talvez, cada vez que o homem se omite de sua existência parte de si, se apague no compasso do tempo. Estática, guardiã de vidas sente os estilhaços e pedras no meio dos caminhos de uma cidade desnorteada. Concentra erros e acertos de homens que como heróis do cotidiano retornam ao ponto de partida. Ela, atadura, observadora silenciosa ...