ensaio VIII - transliterações do além mar
Caro leitor, narrarei um encontro. Um encontro único, daqueles que quando acontecem criam uma dança silenciosa e interior. Era noite, estava a caminho de casa quando aquelas palavras impressas no livreto chegaram às minhas mãos. “Leia, você vai gostar”. Sem me deixar influenciar por tal afirmação, guardei o objeto na minha bolsa. Em casa, repouso o livro sobre a cama. Não se espante, mas pela primeira vez na vida, tratei o objeto como um ser, sabia que aquilo não se tratava de um simples livro. Sobre a manta azulada, observo as ilustrações da capa. Aquele livreto atravessou o oceano para chegar até ali. Eu era parte daquele mar, as narrações daquele romance poetizavam e se imprimiam dentro de mim. O que em comum eu tinha com o autor daquelas palavras? A língua. Sem traduções, sem sabermos um do outro, aquele livro nos aproximava. Dentro de mim surgia algo maior que eu não sabia explicar como e por que. Mais do que gost...