ensaio quinto - Ela

Caro caminhante, não costumo dar recados e tampouco orientações. Contudo, ao ler o texto que desponta logo abaixo, procure respirar, viver e imaginar. Tudo pode ser muito vago, mas nem tudo é o que parece ser. Isto é quântico.

O céu claro confude-se a linha do horizonte-rio. O que a personagem estaria fazendo neste cenário? Pouco se sabe, muito se especula. Há fantasia, há imaginação no retrato que seu visual romântico e antiquado inspira. De onde Ela vem, o que Ela faz? Nada sabe o observador que cria esta história. Ela, pronome pessoal, se transforma em substantivo próprio, personagem central desta narrativa.

Ela, guarda-chuva na mão, observa. Ela numa linha perpendicular aos galhos, que saltam o olhar, revela sua baixa estatura. Ao fundo, a parede de pedras é entrecortada pelos ramos e galhos esverdeados. Aos seus pés a água penetra o solo. Ela, permeável, assiste a dança das folhas e o canto do vento. Do que nada se sabe, na observação de sua imagem em composição com a paisagem, há a certeza de um segundo olhar.

Ele, invisível ao olhar do narrador, lhe inspira o sorriso. Ela faz pose e charme, transvestida de rendas, saia na altura do joelho, polover e cachecol protegem-na do frio, compõem o ar bucólico e dão forma ao seu corpo cheio de curvas. Ela meio gorda, meio robusta. Pousada para eternidade numa imagem sem cor e sem vida. O narrador, que provocado pelo desafio, busca dar pulso ao exercicio da imaginação.

Numa folha de papel, orientações e mais orientações. No final da página: Ela pintada de preto e branco, numa impressão inacabada, dá vida a esta narrativa. Na cabeça do narrador: a busca por palavras, fatos, estilos e coisas que saltem ao seu olhar cheio de sono, tudo para preencher as lacunas-pontes entre a imagem-tempo-língua-história.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

vin'Olhar

dis-parada